Afiadas

Cinco amigas cheias de criatividade e pontos de vista diferentes.

Canção de ninar

Houve um surto de fertilidade no meu prédio e todos os jovens casais resolveram contribuir com a superpopulação do planeta.

Não posso reclamar da maioria das crianças, estas são tão comportadas que eu só me lembro da existência quando encontro uma criatura inocente e rosada no elevador, carregada, é claro, por alguma babá mal humorada.

Mas, um bebê em especial tem sido inesquecível! E posso dizer, sem medo, que mesmo que por janelas de distância já me sinto como uma tia chata, que participa ativamente de sua vida.

Quando este bebê (que aliás é gigantesco) nasceu pude (pudemos) participar ativamente da falta de sono dos seus pais, uma vez que de 1:30 até às 5:00 a criança não parava de chorar, eu e todos os vizinhos, provavelmente, fomos testemunhas daquela agonia.

Nos primeiros dias aquilo me apavorou, perguntei para minha mãe se isso era normal, ao que ela me respondeu que se a criança tinha cólica era. Fiquei apavorada! Não quis interrogar minha mãe, com medo dela dizer que eu tinha feito o mesmo com ela!

Depois de 3 meses com o bebê chorando de madrugada, confesso que quando os berros pararam eu até senti uma certa falta, e demorei a dormir.

Mas, o mais interessante dessa interação com a vida de pessoas que acabaram de ter filhos é observar a maneira pela qual os pais se comportam.

Homens, cada vez mais, tem participado ativamente desses momentos. E, claro, o meu vizinho não faria diferente. Num desses feriados, acabada a licença maternidade, coube ao pai cuidar da criança, que não parava de chorar, qual foi a ideia brilhante da criatura? Cantar para a criança.

“Boi da cara preta” ou as músicas hipnotizantes da galinha pintadinha não estavam incluídas no repertório, o que se ouvia, bem alto, eram todas as canções da torcida do time de coração daquele pai.

Sim, para acalmar a criança ele entoava todos os cânticos que aprendeu em alguma torcida organizada. E, o resultado, claro, foi um desconcerto cruzmaltino. E não é que a criança ficou em silêncio?

Na minha casa todos tínhamos crises de risos com a inusitada atuação daquele homem no papel de pai. A certeza de que, em breve, veríamos aquele bebê com o seu pai gritando todos os palavrões do mundo em dias de jogos do seu time.

Isso me fez pensar no meu pai. Ele foi o (ir)responsável por me colocar para dormir dos meus 4 meses até 1 ano e meio, para minha mãe poder terminar a faculdade, fiquei imaginando o que aquela figura cantava para mim. Perguntei para ele, rezando para que não fosse o hino do flamengo, e não era.

Foi algo mais inusitado: hino nacional, gritos de guerra, a canção do Exército e da infantaria. Não me admira que eu pare onde estiver ao escutar o hino, tomar posição de sentido e aguardar respeitosamente até o fim de sua execução, além de ser uma entusiasta das histórias de guerra.

O fato é que as canções de ninar afetam sobremaneira na personalidade das pessoas, e, quem estiver disposta a reproduzir deve ter em mente que em algum momento um marmanjo na qualidade de pai terá que cantar alguma coisa para a criança dormir, ou parar de chorar.

Por isso, indico pesquisar bastante os interesse e conhecimentos musicais do dito cujo ou, não tendo jeito, deixar gravadas canções pertinentes.

Didi Vasconcelos

PS: meu pai hoje preferia ter cantando o hino do flamengo, já que eu torço para outro time!

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3 comentários em “Canção de ninar

  1. Fernanda Cecília
    1 de dezembro de 2014

    Didi, ameeei! Como sempre, diverDIDÍssimo! Beijos mil

    Curtido por 1 pessoa

  2. Letícia
    1 de dezembro de 2014

    Seguindo esse raciocínio, meu(minha) futuro(a) filho(a) vai dormir ouvindo ACDC… Rsrs

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  3. Christina
    2 de dezembro de 2014

    Didi, você é realmente diverDlDÍssima!
    Flavio (meu marido) e eu sempre rimos juntos com seus posts.
    Você tem a capacidade de fazer a vida leve e alegre.
    Obrigada!
    Bj

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Informação

Publicado em 1 de dezembro de 2014 por em Ponto de Vista.