Afiadas

Cinco amigas cheias de criatividade e pontos de vista diferentes.

Noveleira

Eu nunca fui uma pessoa aficionada por novelas, nem quando eu tinha tempo para ver eu ficava na frente da TV esperando pelas minhas personagens favoritas. Essa falta de apego não acontece só com as novelas, também, nunca fui viciada em séries de TV, e não guardo fidelidade ou amores eternos por elas, meu amor costuma ser efêmero.

Claro, no mundo das séries existem exceções, mas reparei que elas costumam ocorrer naquelas com menos episódios por temporada e que geralmente vão ao ar aos domingos.

No tempo de ROMA, que só teve duas temporadas, eu e toda a minha família aguardávamos ansiosamente o horário, sim, já era possível ver antes na internet, mas não seria a mesma coisa e perderíamos o programa familiar.

Agora estamos viciados em Games of Thrones, e, do mesmo modo como fazíamos, aos domingos, nos reunimos para ver, torcer e sofrer juntos!

No mais, diferente das minhas amigas afiadas, eu não tenho esse interesse, de algumas séries eu gosto de ver se estão passando, mas nunca vou atrás de baixar uma temporada, ou comprar DVDs, simplesmente não crio um vínculo.

 

Com as novelas é a mesma coisa, até pior, porque na nossa cultura só se fala disso, não tem um salão, um elevador que não se fale em alguma personagem de novela, e eu sempre costumo boiar nesses assuntos, nem quando estava passando a tão aclamada AVENIDA BRASIL eu parei para ver um capítulo completo, não clicou.

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Recentemente, no entanto, dois folhetins receberam a minha atenção.

Uma novela das 18h, um horário horrendo por sinal, chamada LADO A LADO. Era uma novela de época que falava sobre o preconceito contra a mulher e contra os negros, muito bem feita e conduzida.

Eu, por curiosidade, vi um capítulo no globo.com, e passei a fazer isso quando chegava em casa, depois de um dia estressante de trabalho era interessante perceber como ainda tenho, em muitas ocasiões, que me impor como pessoa antes que me vejam como uma pobre mulher. Aquela história sempre me dava um acalento, saber que o pior já tinha passado.

Ver uma novela passada no início de século XX, contando as conquistas das mulheres e da odisseia dos ex-escravos para conseguir o seu lugar ao sol, pensava eu, não faziam de mim um noveleira, afinal, era uma temática muito interessante, sem maldades e perversidades fora do totalmente plausível dentro daquele contexto, e sem as mocinhas virginais ensossas. E para me manter neutra nesse assunto a novela ainda ganhou um prêmio internacional de melhor novela daquele ano.

Mas, o pior aconteceu, estava em casa cedo numa segunda feira liguei a TV e era o primeiro capítulo da novela das 21h, IMPÉRIO, por que meu Deus, por quê?

Uma temática atual, com vilanias, mocinhos e bandidos, e catapum, fui arrebatada.

Não sei se foram os diamantes, mas me encantei com a novela. Sabia que teria uma segunda fase, e fiquei feliz achando que eu não iria mais gostar depois que trocassem todo o elenco… Não foi o que aconteceu, ao contrário, Lilia Cabral e Drica Moraes me hipnotizaram, não há uma cena em que elas apareçam que não seja simplesmente maravilhosa. E as brigas do Comendador (personagem do Alexandre Nero) com sua esposa Maria Marta (Lília Cabral), hilárias!

E porque não valorizar os nossos artistas? Só os das séries americanas que prestam? Só porque a criatura faz novela não merece meu respeito? Com um bom enredo, um bom cenário, uma direção excelente e artistas desse quilate (ou pontos, ao melhor estilo do Comendador), não há como ignorar a cultura das novelas e se render a elas.

É claro que existem cenas e comportamentos inverossímeis, mas não teria a menor graça um entretenimento totalmente baseado na realidade, esses programas são uma forma de escape, se o que você está procurando é algo acurado, totalmente baseado na verdade assista documentários, pois, séries, novelas e filmes, em sua maioria, não estão nem um pouco interessados na fidelidade com o real.

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Então, eu confesso: sou uma noveleira, e nem perco meu tempo, vou direto à internet para ver toda a minha novelinha sem intervalos!

E viva a cultura da novela!

 

Didi Vasconcelos

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Um comentário em “Noveleira

  1. Letícia
    10 de novembro de 2014

    Desculpa, aí! Mas acho as novelas brasileiras horrorosas e com atores que merecem troféu framboesa… Vi uma cena dessa novela e senti vergonha alheia da Lilia Cabral… Ainda mais tendo que contracenar com os recém-saídos de Malhação…

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Informação

Publicado em 10 de novembro de 2014 por em Desabafo.